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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Imagem: Opinión Bolivia 

 

MARIO LARA LOPEZ

( Bolivia )

Cochabamba, 1927. Advogado, poeta, narrador e ensaísta.  Fez parte da Segunda Geração da Gesta Bárbara e da União Nacional dos Poetas e Escritores de Cochabamba. 
Publicou os poemas Amanecer del canto (1966); Vozes fraternas (1979) e Hotel Canada 50 Ctvs (1995), entre outros.

 

TEXTO EN ESPAÑOL – TEXTO EM PORTUGUÊS

 

BEDREGAL, Yolanda.  Antología de la poesía boliviana. La Paz: Editorial Los Amigos del Libro, 1977.  627 p.  13,5x19 cm       Ex. bibl. Antonio Miranda

 

EL TIEMPO SUBTERRANEO

Desde la tos ovoide, desde el agua,
desde los pies llagados por la piedra,
desquícianse los muros del minero.

Algo de tierra antigua se le escurre
de las manos cual lluvia barbechada
de huesos, de paladas, de zozobra,
de puñales roídos por el tiempo.

¿Qué túnel como ataúd de fauces gélidas
le duele en las miradas, le corroe
su armazón de caídas cuotidianas?

Vuelve como oxidado de la mita,
del látigo de cruces afiladas,
de harapo hollinado de sudores;
y hay en sus ojos cóndores heridos
y en su tos la cascada repentina
con pedradas de sangre en el esputo!

Gavilla de dolores demudados,
alcancía de donde poco a poco
se ausentó el sol, partieron las palomas,
y el valle fue montaña, veta adentro
profundidad sombría, sin medida,
ácido circulando en los pulmones.

Lámpara que se apaga es el minero,
ojeroso de estaño y fermentando
planetas de cuchillos virulentos,
de adormideras lentas y proficuas!

Abre mucho los ojos, su anticipo
de fosas en que habrán de sumergirse
sus cóndores heridos de infinito!

Lámpara que se apaga y sin embargo
con cuanto sol mañana habrá de alzarse
victorioso, rotundo y redivivo!

 


 TEXTO EM PORTUGUÊS

Tradução de ANTONIO MIRANDA

 

O TEMPO SUBTERRÂNIO

Desde a tosse ovoide, desde a água,
desde os pés com chagas pela pedra,
danificam-se os muros do mineiro.

Algo de terra antiga então escorre
das manos como chuva churrascada
de ossos, de patadas, de angústia,
de punhais ruídos pelo tempo.

Que túnel como ataúde de goelas gélidas
doe-lhe nos olhares, e lhe corrói
sua armação de quedas quotidianas?

Regressa como oxidado de la mita
*1,
do látego de cruzes afiadas,
de farrapo fuliginoso de suores;
e há em seus olhos côndores feridos
e em sua tosse a cascata repentina
com pedradas de sangue no escarro!

Maço de dores abatidas,
mealheiro de onde pouco a pouco
se ausentou o sol, partiram as pombas,
e o vale era montanha, veta adentro
profundidade sombria, sem medida,
ácido circulando pelos pulmões.

Lâmpada que se apaga é o mineiro,
pálido de estanho e fermentando
planetas de facas virulentas,
de papoulas lentas y profícuas!

Abre bastante os olhos, sua anticipação
de fossas em que deverão de aprofundar-se
seus côndores feridos de infinito!

Lâmpada que se apaga e no entanto
com quanto sol amanhã deberá levantar-se
vitorioso, rotundo e redivivo!

*1 - um sistema de controle de mão de obra indígena (mita) para a mineração e a produção artesanal.

 

*

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Página publicada em junho de 2022

 

 

 
 
 
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